O momento de batismo de uma brincadeira simboliza a consagração do início de um ciclo festivo. O boi de Pano Parati foi batizado em uma sexta-feira, no dia 15 de novembro de 2024, no espaço SESC Caborê, na cidade de Paraty, um dia antes de sua primeira aparição no Festejo de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Em uma cerimônia com convidados (as) muito especiais para a história desse projeto Levante de Boi, como mestres da ciranda, bonequeiros e lideranças comunitárias.
O batismo foi conduzido pelas bênçãos da nossa mais velha, Sra. Benedita Martins, mestra quilombola griô, erveira, escritora e compositora, que conferiu ao brinquedo o nome de Boi de Pano Parati. Ela batizou não somente o boi, assim como, os demais bonecos, figurinos, adereços, máscaras, brincantes, instrumentos e músicos e ainda nos presenteou com uma de suas composições, uma música que ela fez há muitos anos intitulada “Boiadeiro menino”. O Coletivo montou um grande altar com todos os materiais de cena, além de diversas flores, frutas e velas. Além disso, o Sesc contribuiu com uma mesa repleta de comidas e bebidas, que representam a fartura da cultura caiçara local. Durante a cerimônia cantamos várias músicas do repertório do Boi de Pano, encantando todos presentes. Foi um momento de nascimento com muita emoção coletiva e força ancestral.









Texto: Claudia Ribeiro
Na festa de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário de Paraty, conhecida popularmente como “Festa do Divino Preto”, o boi vivenciou o compromisso de se apresentar para o rei e a rainha do Congo, reforçando a conexão entre as tradições afro-caiçaras, afro-indígenas e a cultura da tradição paratiense. Realizamos a representação do nascimento, morte e ressurreição do boi, em uma sequência entrelaçada com diálogos, músicas e breves intervenções cênicas, que introduzem alguns conflitos e muito humor.
Tudo isso envolvendo poesia, música, dança e a participação de todos que integram a brincadeira, além do público presente, que contribui e participa da realização de algumas cenas, como a do baile final de comemoração pela ressureição do boi, que é feito com algumas cirandas caiçaras tradicionais de Paraty e nesse momento os brincantes dançam com os convidados.









No dia 20 de julho de 2024, o projeto Levante do Boi fez sua primeira aparição na festa de Santa Rita de Cássia. Neste evento, o coletivo fez um ensaio aberto reunindo danças tradicionais da região, como a Dança das Fitas com o mastro, a ciranda caiçara e a arte dos bonecos tradicionais confeccionados pelo Mestre Jubileu e seu filho Davi Cananéa, foram apresentadas para o público, o boi, a miota e o cavalinho, que estavam sendo confeccionados e em processo para o projeto.
Esta festa é uma realização da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios e festeiros, com o apoio da Prefeitura local. Desde 2012, a unidade do Sesc Santa Rita fica bem em frente à igreja de Santa Rita, onde os ensaios aconteciam. O ciclo do Boi do projeto Levante do Boi começa justamente nesse festejo, como uma forma de mostrar os processos envolvidos e reforçar que as brincadeiras tradicionais acontecem na rua, com sentido e envolvimento do público e da comunidade presente.














A saída durante a Festa do Divino, celebração que tem como tradição a presença do Boi, trouxe um formato de cortejo ao redor da praça da Igreja da Matriz, com uma parada em círculo, em que todos os personagens foram apresentados até o momento da morte do boi e a repartição dos pedaços, a partir de músicas cantadas e simbolicamente doados as partes do boi para algumas personalidades da cidade, simbolizando a ressurreição, anunciada por uma criança com uma simbólica pomba branca, um dos principais símbolos da festa religiosa do Divino Espírito Santo.
Os figurinos e adereços também foram adornados nas cores vermelha e branco fazendo conjunto com a pomba branca.
No evento da FLIP, o Coletivo Boi de Pano fez parte da Flipinha, em julho de 2025, Flipinha ou Flip Educativo é um departamento deste grande evento que direciona a programação da festa literária principalmente ao público infantil. Portanto, nesse evento tivemos o ritual de abertura que sempre conta com o canto da música “Boiadeiro menino” da madrinha Benedita Martins, seguido de um cortejo pela Praça da Matriz, que mesclou canções, coreografias e poesias, tudo isso junto ao colorido dos figurinos, bonecos e adereços que compõem a brincadeira.
Cada apresentação se adapta à estrutura do local. Durante o trajeto da Flipinha, por exemplo, tivemos que utilizar uma passarela que estava no centro da rua, ou seja, ela acabou virando palco para destaque dos bonecos e para a declamação da atriz e dançarina Luti Estrella que interpretou em forma de texto a letra de uma das músicas do nosso repertório.